Relatos de parto

?O nascimento é um rito de passagem das mulheres. Sua jornada deve ser honrada, seus direitos devem ser ferozmente protegidos e suas histórias devem ser compartilhadas.?

Bruna Oliveira

Hoje fazemos dois meses. Pedro e eu. Ainda me perguntam como e onde nasceu e se assustam quando eu respondo! Então vou compartilhar aqui a resposta mais completa porque talvez, e também, careça de voltarmos a pensar em voltas e retornos... voltar ao simples, tornar a natureza em tempo de tantos desajustes...

E sim, foi em casa!

Sim! Foi em casa mesmo! Não precisam me olhar desse jeito! Sempre foi assim. Com minha avó foi assim. Com minha bisavó também e todas elas habitam em mim.

Foi em casa sim. Melhor, na casa da minha mae. Onde ela se casou. Por onde tanta gente da nossa família passou, onde eu e minha irmã crescemos, naquela ruazinha pequena com nome do meu bisavô.

Tudo bem se fosse em qualquer outro lugar, mas tinha e podia ter sido ali, e foi!
Foi assistido, foi consentido, foi refletido, foi digerido a longo tempo. Havia retarguarda, e muitos anjos da guarda. Mais que coragem, foi talvez a escolha com mais amor.

Teve obstaculo, varios planos B e C, um diagnóstico incialmente incompatível com minha escolha. Mas é preciso ir além de diagnósticos. É preciso ir até a pessoa.

E que sorte quando a medicina vai muito além da doença e descobre que ela não é o doente. E que talvez nem haja doente. Foi apenas uma falha momentânea do corpo.... está tudo bem!

Uma equipe fantástica, de profissionais maravilhosos, contra varios protocolos me
Enxergou por trás de diagnósticos isolados. Percebeu-se o todo. Pra eles eu era inteira. acreditaram em mim, na minha alma e também em meu corpo! Estava tudo bem.

É tão simples, tão ancestral, mas como é difícil ser a gente mesmo... como é difícil tornar ao simples. Quantas vezes desacreditei, quantas vezes quase desisti?

Mas havia segurança... havia força, havia uma tribo inteira ao meu lado.... e um mundo inteiro de ombros virados, é verdade, mas se queremos voar basta que estejamos próximos apenas das andorinhas! E assim foi!

E foi em casa. Até o último momento poderia ter sido diferente... estávamos também prontos para o hospital! Estávamos prontos pra tudo! Mas aquelas duas enfermeiras maravilhosas, minha querida doula e toda aquela equipe, não fisicamente presente, mas que estava ao meu lado, simplesmente disseram que estava tudo ótimo em estar ali! E foi estando, fui me encontrando e me conectando. Fui sendo e virando eu, minha avó e todas as mulheres de minha família.

Minha mãe estava ali fazendo café. Meu pai olhava meu outro menino. O pai dos meninos enchia a banheira. Minha irmã estava ali, junto a mim. E todas as mulheres de minha equipe! Quanta força havia ali. O divino feminino preenchia e transbordava aquela antiga casa secular de minha família.

Tinha material de hospital, tinha um pequeno aparato para eventuais emergências. Mas tinha mesa posta na copa, cachorro aguardando na sala, cozinha iluminada às tantas da madrugada, tinha música no quarto. Cheiro de incenso e de óleos maravilhosos!

Tinha dor, mas tinha tanto amor! As ondas iam e vinham e depois delas havia apenas o mar e o mar era eu!

Foi em casa! Não foi um ato de romantismo desmoderado e impensado. Foi um ato de amor, de respeito, de acolhimento e suavidade. Foi uma escolha assistida, estudada sentida e consentida por quem precisava ser.

Há pouco mais de 50 anos atrás era o habitual e não faria sentido este "sim,
Foi em casa sim!", mas como a gente também caminha pra trás, talvez eu esteja justificando o óbvio.

Sim, também pode ser em casa!!!! E é simples. Mas eu estudei, eu me informei, eu me encorajei pro óbvio e natural. A gente estuda pra entender o quão bruto e animais somos! E é simples! E é assim, ainda hoje, em varios locais do mundo, sem tantas justificativas... sem tantos "sim, foi em casa!"

Não, não é moda. Sempre foi assim.
Mas pra provar evidências da vida tem evidências científicas, estudos australianos, ingleses, portugueses e talvez javaneses! Todos apontam que em situações normais de temperatura e pressão, sim, pode ser em casa!

E foi em casa. Suave. Com varios riscos minimizadas por ser justamente em casa.

A manhã rompeu a madrugada... enquanto o mais velho dormia, a dor me rompia pra trazer uma Nova vida pra vida! E era simples....

chuveiro quente, banheira morna... café na espreita, um cochilo do marido, meus pais ali do outro lado da porta. Meu outro filho colhendo alecrim da horta.... tudo ali, em casa...

E em casa, manhã morna, com cheiros e sabores, rodeado de amor, Pedro, rompendo meu corpo e padrões corrompidos de si mesmo, chegou!

Pedro nasceu ali, sim, assim, no quarto de sua avó, no auge da manhã, quase no meio de setembro, ali, em casa mesmo!

Assistência: Equipe Bom Parto

Doula: Lena Rubia

Fotos: Daniela Djean

Amélia - Chegada da Tainá

Tainá

Demorei decidir sobre o parto domiciliar. Já estava com 37 semanas quando conversei com a equipe Bom Parto e depois contei para o Fábio o que eu estava planejando. No dia seguinte o enfermeiro Walter e a enfermeira Karla vierem e esclareceram todas as dúvidas. Ficou tudo certo. A opção de maternidade seria o Sofia Feldmam. Dali em diante tudo seria diferente. A opção pelo parto domiciliar foi marcada por várias determinantes: o Francisco sempre me apoiou muito durante a gravidez, (do jeito dele) com gestos, com carinho na barriga, me dizendo “você consegue” durante minhas crises de falta de ar. O desejo de estar num ambiente íntimo, tranquilo e acolhedor, no qual eu pudesse desfrutar do conforto da minha casa, antes durante e depois do parto, com a participação de pessoas importantes, meu filho e meu esposo. E por último, a pandemia do Coronavirus.

A gestação foi de risco habitual, no fim da gestação comi tâmaras e cortei o açúcar. Dia 13 de setembro de 2020 a noite fiz um chá com cravo canela gengibre, folha de abacate e alecrim. Fui dormir. Acordei mas não quis ver as horas. Senti que as contrações estavam bem sutis. Comecei a sentir vontade e curiosidade de perceber o que estava acontecendo. Chamei o Fábio. Era 4:30 do dia 14 de setembro. Por uma hora acompanhei as contrações. Vieram 3.

Logo que o dia clareou enviei mensagem para equipe Bom Parto informando o que estava acontecendo. Fui orientada a buscar encontrar regularidade nas contrações. Mas não estava dando certo. Só sabia que estava em TP e que eram as benditas contrações. Tomei Buscopam par ver se melhorava, mas as dores continuavam. Liguei para enfermeira Karla e disse que era contração mesmo, sem dúvidas. Chamei a Daniela para ir lá fora tomar sol e conversar. Ficamos lá um pouco. Ao entrar em casa quis ficar no colchonete em 4 apoios para aliviar a dor. Coloquei Novos Baianos para tocar. Fiquei prestando atenção na letra da música que dizia: “jogando meu corpo no mundo” e me sintonizando com a poesia. Depois a Karla chegou e me examinou com o sonar, o Chico ficou segurando minha mão. As contrações não vinham mais. Fiquei com vergonha, afinal tinha gerado maior expectativa. A enfermeira Rênia chegou com todo o material necessário e como as contrações estavam sem ritmo, foi embora.

A enfermeira propôs fazer alguns estímulos e um toque. Quis que o toque acontecesse primeiro. Ela constatou que estava com 4 cm de dilatação, por volta das 11:00. Senti que foi um toque que me causou desconforto. Ainda bem que foi i único. Sentei na poltrona da sala para o escalda pés. Foi acendida uma mocha bem perfumada. O Chico veio para o meu colo de novo. Estava meio desconfiado, queria minha atenção. Conversamos sobre o que estava acontecendo. Fui ficando envolvida com os aromas, reagindo a massagem. A dor foi voltando. A Karla que a princípio partiria após as massagens foi ficando. A Daniela já estava fotografando. Eu já procurava uma posição mais agradável. O chup chup de abacate não terminou de ser apreciado como foi o das meninas. O almoço que a comadre Leila entregou não me apeteceu e a até o cheiro da comida que o Chico, o Fábio e a Daniela não mais agradava. Durante o TP aceitei apenas suco de laranja e soro de hidratação. Fui para o chuveiro. Achei que iria vomitar. Fiquei lá no chão em 4 apoios em cima de uma espuma para trazer mais conforto. Pedi um balde. Não vomitei. Saí do chuveiro. Me sequei e não me vesti. Quis ficar sem roupa, na cama. Fazia calor. A outra enfermeira Carla chegou. Depois a Rênia voltou também. Quando fui para o quarto já era um momento no TP que estava bem absorvida pelas sensações. A luz estava apagada. Lembro que pedi a música da Iemanjá. Depois a Daniela perguntou se queria ouvir músicas que falavam de mulheres fortes. Achei uma ótima ideia! A Karla riu porque numa das músicas se cantarolava: “ai que dolor” e eu falei que a música estava estava descrevendo a minha situação no momento. O Fábio foi ficar comigo lá no quarto me dando o apoio que solicitava: segurando minha perna, fazendo massagem, coisas do tipo. O Chico ficou vendo desenho animado na sala. Acredito que já estava chegando aos 8 cm de dilatação quando dizia: eu não sei o que eu quero. Era muita dor, já tinha vomitado na cama. Não havia posição favorável nem mão que confortasse. Também teve risada: falei que a bolsa térmica estava junto com a cerveja. A sensação era quase de arrependimento de estar passando por tudo aquilo. Continuava dizendo não sei o que eu quero... A Karla respondeu, sabe sim! O que você quer? Respondi: A Tainá! Retomei os pensamentos. Eu quero minha filha. Eu sei o que tenho que fazer! O Fábio era uma presença constante, meu porto seguro. A minha casa me proporcionava tudo que eu precisava. Estava confiante. Sentia que estava bem perto de ver minha pequena. Disse que já estava na fase do expulsivo. As enfermeiras comentaram com bom humor: “você está narrando seu parto”

Sim! Eu estava! Só tinha uma dúvida? Será que ia nascer empelicada? Em que momento a bolsa havia se rompido? Logo eu que ansiava tanto pela sensação do “ploc” e dizer para todo mundo “estourou!” Isso não aconteceu. Estourou e eu não percebi. Ninguém percebeu. Imagino que tenha acontecido durante o banho, mas não tenho certeza.

Comecei a fazer força junto com a dor. Gritei junto também. A cada dor a sensação não era mais de procurar uma posição melhor. Era a vontade de fazer força que imperava. Estufava a barriga com força colocando o ar para fora. Gritava para externalizar tudo aquilo. Ouvi a risada do Chico que estava no quarto escutando uma estória do livro do Snopp que a Daniela estava contado. Quanta paz eu senti! Me sentia cheia de ocitocina também. Fiz a força derradeira. Teve um pouco de cocô nessa hora. Estava sentada na cama do meu quarto, ao lado do Fábio que me dava apoio e da Karla. A Carla estava preparada para aparar a Tainá. Estava de olho fechado naquele momento. As fotos que me propiciaram reviver essas memórias. Por isso me lembro tão bem das sensações e sons e não me lembro bem quanto ao tempo e as imagens. Senti que a cabeça da Tainá já havia passado. Interrompi a força. Mantive a calma. Esperei o momento certo de continuar. Era necessário buscar mais força, com mais energia. O controle foi fundamental. No momento certo dei continuidade e ela terminou de nascer. Linda, chorando como diz o protocolo. Estava coberta com um pouco de vernix e eu fui logo cheirar. HUM! Que delícia!!! Havia matado minha vontade de sentir aquele cheiro inexplicável! Ela continuou chorando em meus braços. Eu tinha conseguido! Que felicidade! O cordão umbilical era bem curto. Me deu um certo incomodo sentir ele ainda ligado a placenta dentro do útero. A Daniela cortou o cordão e em seguida a placenta nasceu também. Pari com o períneo íntegro! Me senti uma mulher incrível. Fiquei ali com a Tainá durante nossa hora de ouro. Ela mamou, e se aqueceu no meu colo, pele e pele. O Fábio buscou o Chico para ver porém ele estava assustado com a cena. O sangue, o vernix e líquido. Perguntei para ele sobre o que ele estava achando ele respondeu relatando sobre susto e sujeira. Expliquei que bastava um banho e que estaria tudo bem. A Tainá nasceu as 15:00 do dia 14/09/2020 com 3,320 k. e 49 cm. A equipe fez um carimbo lindo da placenta como árvore da vida. Teve um grande lanche com coisas gostosas da padaria que o Fábio trouxe em seguida. Estava faminta. Comi demais! E a noite comi a minha marmita feita pela comadre. Já de banho tomado estava na poltrona da sala amamentando quando levamos um grande susto: a Tainá havia engasgado. Tinha engolido líquido de parto e na hora que observei estava saindo pelo nariz. A equipe que estava fazendo o registro nos documentos pegou ela correndo e começou fazer manobras para desengasga-la, despiu- a também. Ela estava completamente mole e sua cor já estava passando de roxo para preta. Gritei muito o nome dela. Abracei o Fábio. Que desespero! Ela foi voltando a respirar. Em seguida retornamos ao quarto e a equipe ficou monitorando os dados vitais. A temperatura estava um pouco abaixo do normal. Ficou novamente em contato pele a pele. Fazia calor no momento eu sentia que estava quente ali no quarto, mas eu tinha que suportar e mantê-la quentinha. O oxigênio estava ligado e uma mangueira de borracha fedorenta levava o ar até bem perto de seu narizinho onde fizemos uma conchinha com a mão, para canaliza-lo. Ficamos assim até o final do dia, quando os dados vitais estabilizaram. Tiramos uma foto muito bonita na cama junto com todas enfermeiras. E nos despedimos por volta das 18:00 horas. A experiência foi ótima. Ao final as contrações não tiveram padrão e/ou ritmo. Não sabemos o momento que a bolsa rompeu, eu não sabia o que fazer para aliviar a dor. Rimos de coisas malucas, choramos de emoção e medo. Teve muita ocitocina e adrenalina. Teve cheiro, teve sabor, teve líquidos e por fim teve a VIDA. Jogamos nossos corpos no mundo, dentro do meu quarto.

Marina França

"acho q vou gastar um ano para conseguir escrever todo o relato do parto do Pedro (por tudo o que foi e pelo fato de eu nao estar conseguindo me desgrudar dele um segundo.. de paixão mesmo). foi com certeza a experiência mais emocionante, mais maravilhosa, mais intensa, mais imprevisível e mais desafiadora que eu já vivi em toda minha vida. incomparável em todos os sentidos. algo que eu nunca vou conseguir realmente explicar com palavras.. mas vou tentar dar uma ideia. o primeiro aprendizado que ficou concreto e transparente pra mim foi o de que cada parto é inescapavel e maravilhosamente único. o meu parto foi um bocado diferente do que eu planejei e descrevi, com o objetivo de perfeição, no meu plano de parto. e foi, do jeitinho que foi, o momento mais incrível da minha vida. perfeito porque real, inesquecível, emocionante, meu e do meu filho. por isso, não há comparação justa e desejável nesse campo. só partilhas de amor e de força. tudo começou com os prodromos segunda-feira à noite (12/11). no meu kinder ovo parto - você pede um parto e ganha a surpresinha rs - fui premiada com.. pródromos especiais! a ponto de ter tido certeza de que estava em trabalho de parto e de não conseguir dormir mais a partir de onze da noite (não até o dia seguinte.. ate TRES dias depois!) as contrações vinham sem parar, em intervalos de 1 min e meio a 15 minutos. e foi assim que eu descobri que um ser humano médio (eu) consegue, do obscuro, infinito e absoluto nada, ter energia pra sentir uma contração (e o que significou pra mim essa sensação é uma oooutra história, que eu vou gastar um capítulo inteiro só pra conseguir verbalizar, no relato de parto de um ano rs) a cada 7 minutos ininterruptamente durante 3 noites e 4 dias seguidos. e foi assim que se instaurou o estado de "acampamento feminino (+ gabriel <3)" mais lindo já existente. uma a uma foram chegando as mulheres mais maravilhosas (maravilhosas maravilhosas maravilhosas) que o universo escolheu pra me acompanhar nessa travessia (e foi o universo que escolheu mesmo): Rênia e Natália, enfermeiras obstétricas da equipe bom parto, Carol, nossa fotógrafa e Helena, nossa doula (queria colocar cinquenta adjetivos lindos depois de cada nome mas não acabaria mais o relato - vou escrever um capítulo só para falar delas no relato de um ano também). nossa casa instantaneamente se expandiu e foi sendo tomada por um clima de amor tão puro que eu tenho certeza que vou chorar quando voltar pra casa (escrevo ainda do hospital) e não vê-las ali. foram dias em que a delicadeza mais doce e mais leve conviveu abraçada com a força mais inabalável, mais inteira que podem existir no ser humano. dias em que eu ouvi e senti as palavras mais macias, os abraços mais amorosos, as lágrimas mais puras de toda a minha vida. dias de apoio, de cumplicidade, de cuidado, de pura generosidade. dias de escalda-pés, de chás, massagens e acupuntura, de danças, conversas, cantoria, risadas (da pra ver por que eu preciso de um ano?) amor. muito amor. e vida. e acho que meu útero gostou tanto que não quis saber de dilatar. rs. é drama mas, com o bom humor também circulando forte em minhas veias, virou também piada quando, no segundo toque, 24 horas depois do primeiro, que tinha acusado surpreendentemente 2 (dois!) cm de dilatação (e que já tinha sido feito mais de 20 horas depois que eu tinha certeza que estava em trabalho de parto).., descobrimos que evoluí apenas para.. 3 cm! - não sem antes, numa brincadeira, eu ter pedido a todo mundo pra esperar que o resultado seria.. 3 cm (rs) pra na hora que viesse 6 ninguém ficasse frustrado hahahah (nessa hora Carol gritou de espanto lá de fora "TRÊS??" e rimos com a ingenuidade dela de achar que depois de 56443 contrações ininterruptas e duas noites sem dormir estaríamos só com 3 cm de dilatação. enfim.. rsrs) resumo da ópera: fechamos a quarta-feira descobrindo que ainda estávamos aos 7 cm (60 horas sem dormir e praticamente sem comer - apesar dos esforços contínuos do gabriel eu só fazia mordiscar uns pedaços de uva ou de melancia fazendo cara feia pra toda colherada que ele trazia e não conseguindo engolir nem um pão de queijo - e assim também descobri que é verdade aquela história de que se pode viver de luz rs) e decidimos que era chegada a hora de dar uma mãozinha pra vida e romper a bolsa na expectativa de que mais uma noite de sono (hahaha - risada de bruxa hehe) iria fazer a coisa "engrenar" (toda hora que ouvia essa palavra da boca das enfermeiras eu sentia um arrepio na espinha - se aquilo ali não era "engrenado" minhadeusameacudaemeilumina quando for amém) quinta-feira, bom dia ao marido e às mulheres maravilhosas espalhados pelas redes e sofás da minha casa (todos atingindo, em turnos de revezamento pra ficar comigo, uma incrível média de sono total de 2 horas por noite - preocupado com isso Gabriel perguntou à Helena "e aí, cansada?" e ela, que com certeza é um anjo, respondeu com aquele olhar doce cheio de paz "eu não estou tendo contrações"). bora lá então descobrir o que mais 12 horas de agachamentos e relaxamentos (etcetcetc) intercalados fizeram com a portinha pro bebê sair... ... ta-ti-dum-dum (imaginem bateria) pá: nada! os guerreiros e resistentes sete cm de dilatação da tarde anterior permaneciam no meu ser ("7 pra 8!" - disse Natalia, até agora nao sei se por rigor técnico ou só pra me consolar) e foi então que, junto com o nosso médico obstetra, decidimos pelo uso da ocitocina sintética, algo que a princípio eu não gostaria e estava totalmente fora dos meus planos. o Dr. Lucas, que pra mim é só o obstetra mais fenomenal do país, estava naquele exato momento saindo de um plantão noturno no Sofia e foi direto encontrar a gente na maternidade Unimed-Grajaú. quando eu cheguei, ele já estava lá, já estava tudo liberado e a suíte PPP prontinha pra gente. a minha equipe maravilhosa levou pro hospital sem eu ver uma série de coisinhas lindas que eu tinha em casa: uma imagem de gaia gestando o planeta terra, a nossa senhora grávida, nossa vela com cristais de quartzo rosa que acompanha minha relação com o gabriel desde o início do namoro, o colar de contas feito pelas minhas amigas no chá de bençãos, imagens que eu desenhei, óleo essencial.. de repente, como num passe de mágica, a sala de parto hospitalar tinha se tornado uma amorosa extensão da minha casa. e lá estávamos de novo, música gostosa tocando, rindo e dançando ("que que tá acontecendo ali dentro???" - uma enfermeira do hospital passou na frente do nosso quarto e perguntou com uma cara de espanto) e era tanta sensibilidade e sintonia que quando a contração vinha, sem que eu fizesse um único pedido, o espaço se fazia silêncio absoluto e era como se todas estivessem sentindo exatamente o mesmo que eu, junto comigo, em profunda concentração coletiva... para no instante seguinte estarmos de novo rindo ou continuando uma boa conversa. eu já falei mas preciso repetir: foram momentos de afeto, de entrega e de cumplicidade que eu nunca vou esquecer na vida. a ocitocina fez, afinal, o seu trabalho e deu a ajudinha final pra minha preguiçosa dilatação. ao contrário do que eu temia, não sei se por ter sido ministrada em dose mínima ou pelo já avançado estágio do trabalho de parto, o uso dela não tornou o processo insuportável e eu pude continuar sem anestesia (apesar da enfermeira do hospital ter chegado com a bandeja enorme etiquetada ANESTESIA e deixado-a em cima da mesa, pra não ficar dúvidas de que ela estava a mão quando eu quisesse rs). eu tinha o sonho de sentir completamente no meu corpo toda a experiência do trabalho de parto e do parto então era a minha escolha pessoal não usar a menos que considerasse realmente necessário. em nenhum milésimo de segundo cheguei sequer a cogitar. o período expulsivo chegou suave, sem desespero, sem sequer sombra do famoso momento de achar que vai morrer... nada, nada disso. só me deu uma vontade intuitiva de ir pra banheira. e pedi pro gabriel ir comigo. ele me abraçou, eu me aconcheguei nos braços dele. e ali aconteceu a coisa mais linda que se pode conceber, a sensação mais inebriante, potente, avassaladora e concreta que eu já senti na minha carne, essa que me fez finalmente entender o sentido da palavra "visceral", que me fez transcender tudo. foi essa a sensação de parir meu filho. o Pedro saiu de dentro de mim enquanto um som gutural saía pela minha boca, enquanto os meus olhos brilhavam de sorriso, enquanto eu sentia cada centímetro dele por dentro de mim. pari, sem ninguém encostar no meu corpo, sem ninguém me mandar fazer nada, com os meus movimentos totalmente livres, vestindo o que eu queria vestir, com quem eu queria estar, sem protocolo, sem tesoura, sem instrumento nenhum além do som que saía da minha garganta e da força que saía das minhas vísceras. eu pari, amparei meu bebê, peguei ele de dentro da água e pus no meu colo. assim, simples, incrível, gostoso assim. gabriel me abraçando, eu abraçando o Pedro, nós dois morrendo de chorar e o nosso bebê tranquilo olhando pra gente com esses olhinhos puxadinhos que até agora eu não sei explicar como podem me hipnotizar tanto. nasceu lindo, forte, saudável. meu períneo íntegro, não precisei dar um ponto. e tivemos nossa linda hora de ouro, só nos três abraçados, maravilhados, abestados, cheirando, beijando, eu sem saber nem mesmo como eram as perninhas do meu filho porque não conseguia tirar os olhos dos olhinhos puxados dele vidrados em nós (só pedia pra Carol tirar uma, duas, dez, um milhão de fotos dele pra eu nunca poder esquecer aquele momento). e TUDO o que eu queria na vida era sentir pra sempre aquele momento (e já estou aqui escrevendo e chorando de novo). a placenta nasceu tranquila e ficou toda aos cuidados da nossa equipe linda. eu confesso que não vi, não ajudei e não dou notícia de nada que aconteceu a um centímetro de distância de mim a partir daquele momento. ao final, por cansaço extremo do meu útero, companheiro querido de toda essa jornada, a minha surpresinha kinder ovo 2 foi uma perda de sangue aumentada. o único momento em que fiquei realmente nervosa em toda essa jornada. felizmente tudo foi resolvido. por aqui, agora, da forma mais perfeita do que eu jamais sonhei, o mundo parou.. .. e se fez amor. e a humanidade se regenerou mais uma vez em forma de vida" Fotos da Carolina Maia Ligeiro

RAFAELA BORGES

Assim que descobri minha gravidez decidi que o parto ocorreria da maneira mais natural e fisiológica possível, de maneira respeitosa. Conversei com o @pferezin , meu companheiro, e ele me apoiou, apesar de nunca ter ouvido o termo parto humanizado, rs. Mas confesso que decidi por esse caminho a princípio, por ser o melhor pra mim e pro bebê, melhor recuperação, respeito a escolha do bebê nascer, enfim, inúmeros benefícios. Mas n com aquele amor, idealização. Entao nos começamos a mergulhar no assunto. Nos preparar. Decidimos contratar equipe, com enf obstetra e médico, doula. Nossa equipe maravilhosa foi a da @equipebomparto , com o médico dr @gbdejesus72 e nossa Doula amada @ro_cupertino_doula . Acompanhamento impecavel por todos. Depois vou fazer os agradecimentos a parte. Fizemos cursos, workshops, vimos filmes, seriados, lemos livros. Eu continuei a praticar yoga, meditar, e me preparar para o parto. E confesso. Fiquei cada dia mais maravilhada com esse caminho. A romantizar msm esse momento. Brinco que paguei língua, pq achava muita gente desse meio radical. Mas n tem como. Eh algo muito mágico. durante toda gravidez só me imaginava parindo lindamente na banheira, sem medo algum de nada. Nunca tinha parado pra pensar no parto em si, pra mim ele ia durar 30 minutos. Kkkkkk... Até que chegou por volta das 33 semanas. A ficha começou a cair que tava chegando. Aí bateu um desespero. Kkkk... meu deus, n tem volta, esse menino vai ter de sair por essa perereca! ?? e vieram à tona alguns medos ocultos. Da gestação da minha mãe. Ela fez cesárea pq " n teve dilatação". E eu me perguntava se teria, já que Antônio tava sempre no percentil de 85%, será que vou Lacerar muito?? Meditei bastante, e nessa semana fechei com o curso maravilhoso de preparação para o parto conduzidos pela equipe da Rosana e da @travessiaconsultoria. Era o que precisava. Agora sim, confiante. Antônio podia chegar. Com 36 semanas meu obstetra me deu uma licença para descansar. Disse que parto normal precisamos estar bem conectadas ao corpo, ao bebê. Pra liberar muito hormônio do amor. E eu sentia que Antônio viria cedo msm. N chegaria a 40 semanas. 

Enfim, após a licença comecei a terminar a arrumação do quarto do Antônio, comprar o que faltava. Só curtindo o momento. Meu namorado n eh de Bh. E ele continua no trabalho de Sp. Ficando semana lá e semana cá. E já tinha conversado com ele: amor a partir da semana que vem Antônio pode vir a qq momento. Então, eh hora de só ficar em Bh. Até conversamos com nosso Antônio. Amorzinho, espera papai chegar! Rs. Parece que tava só esperando isso. Bom, no último FDS de julho fiquei muito inchada. Nuuuu... tinha até ficado chateada, pq tinha marcado fotos gravidas na terça com Nossa amada @heloisanascimentofoto e pensei, vou sair um baiacu. Kkkkk. Enfim. Na segunda à noite, dia 29, fui fazer xixi à noite e veio um corrimento espesso com sangue. Pensei, será que eh o tampão!? Enfim, fui dormir. Acordei na terça, e mais tampão com sangue. E um pouco de cólica. N estava disposta. Desmarquei as fotos chateada. Kkkk... e passei a terca praticamente na cama. Tendo algumas cólicas. Que pra mim eram de treinamento. Pq sempre que deitava, passava. De qq forma mandei msg pra minha equipe avisando. Até pq minha barriga tava muito baixa. Mas sem muita preocupação pq no outro dia de manhã teria consulta domiciliar com a bom parto. Até que umas 22hs me deu um fogo, levantei e arrumei tudo que faltava. Mala do Antônio, minha, do marido, organizei a casa. Parece que tava sentindo. Fui dormir. Acordei com bastante cólica. E elas estavam um pouco mais intensas. Mas nada que fosse um absurdo. Fiquei vocalizando, ouvindo meditações para o parto, tudo como minha professora linda @carolinacristalyoga havia me ensinado! A equipe chegou e pela minha cara eles sugeriram um toque. Pra nossa surpresa, 4cm de dilatação e cerca de 80% do colo apagado e Antônio indo do -2 para o -1, isso por volta das 10 da manhã. Meu deus. Caiu a ficha. Seria hj. Como as contrações n estavam ritmadas, decidimos que ficaria em casa e quando começassem a ficar mais intensas avisaríamos a equipe. Continuei no vocalize e meditação. A manicure chegou! Sim!!!! Kk. Nem tava lembrando. Ela começou a fazer minha mão, mas aí as cólicas intensificaram. Falei, n vai rolar de fazer o pé! Kkkk.. 

@waltershalomchegou, nosso enf obstetra, e estava com quase 6cm. Decidi então tomar um banho relaxante. Liguei o chuveiro, pinguei varias gotas de óleo essencial de lavanda e gerânio no chão e fiquei lá curtindo o momento. Agachei, ajoelhei, dancei. E as contrações se intensificando. Mas nada ainda insuportável. Sai do banho, cerca de uns 20 min depois, me enrolei na toalha, deitei na cama. Walter chegou e de repente pum!! A bolsa estourou. Aí pessoal, como disse meu obstetra, eu vi a vó pela greta. Kkkkkk... Antônio desceu e as contrações ficaram muito fortes e seguidas. Ligamos pra Doula e pro obstetra pra correr pra maternidade. Waltinho o enfermeiro já ligou pra maternidade pedindo ora encher a banheira. Kkkkk... A chegada estava próxima. Antes de sair medido o colo, 7cm. Esses 15 min até a maternidade foram os mais insuportáveis da minha vida. Gente, contração com o carro em movimento eh o ohhhhh! Kkkk.. a minha fotógrafa maravilinda @danieladjeanpartos tb estava comigo. Quase esmaguei o braço dela de tanto apertar no carro. Foi minha cuidadora nesse momento de tanta vulnerabilidades. Chegando no neocenter, por volta das 15:30, desci descalça, devido ao meu desespero e fui acolhida pelo melhor abraço que poderia ter, minha Doula Rosana. Ela já me acolheu, fez massagem, fazendo esse momentos finais ficarem suportáveis. Mas antes da banheira tinha que fazer avaliação! Socorroooo! 8cm. Avaliação feita, corri pra banheira. Mas nessa hora já estava na partolandia. Só queria meu marido comigo lá. Pra estar ao meu lado e a Ro, con suas massagens e óleos. Acho que dormia entre as contrações. N lembro ao certo. Chegou um momento que falei com a ro, ro n sei se vou aguentar. Acho que vou precisar de anestesia. E ela com todo olhar e cuidado me acalmava. Ela via que a fase ativa já estava acabando. E assim foi. De repente, voltei em mim. A dor já n estava tão intensa mais. Veio a vontade de fazer força. Comecei. Mas nessa hora, juro, sabia que ia acabar. E mantive focada. Como o final da fase ativa foi tão intensa pra mim, esse momento era um paraíso. Kkkkkk... até que Waltinho, enf obst sugeriu que eu fosse pra banqueta.

 

Fui. Nunca fiz tanta força na minha vida. Juro. Levantei algumas vezes, fiz alguns movimentos sugeridos pela ro. Com muito custo. Nos finalmente pensei assim, n to nem aí, pode lacerar, só quero meu Antônio nos braços. Kkkkk... e cerca de uns 30/40 min depois Antônio nasceu. N chorou muito. E já veio direto pros nosso braços, pra nossa hora de ouro. Que emoção gente. Quanta intensidade. Ver nosso pituco no colo. Pedi pra deitar na maca e uns 5 min depois a placenta já saiu. Antônio depois foi pro colo do papai, curtir o seu colinho! Relato de parto da nova família! Antonio apressadinho nasceu de exatas 38semanas, com 50cm, 3,050kg no dia 31/07. E como manifestei e meditei, fase final ativa e a expulsiva super rápida. Cerca de 3hs que a bolsa estourou ele chegou!

AMANDA

Eu sempre fui apreciadora do tema família.

Quando jovem trabalhava em um grupo de adolescentes e esse tema estava sempre em voga.

Quando fui estudar psicologia nada me encantava... De repente achei as crianças, e depois compreendi que elas eram frutos do que recebiam dos seus pais.

Nesse meio tempo, comecei a desejar a MINHA família. Conheci meu marido e sempre pensávamos nos filhos que gostaríamos de ter.

Quando decidimos finalmente ter filhos, engravidei rapidamente, e busquei uma médica, a qual se dizia fazer parto natural. Ao longo da gravidez, exames, consultas, muita simpatia. Mas com 35 semanas uma pressão levemente alterada me coloca de repouso. Eu começo a assistir partos naturais e descubro que o que eu queria não era um parto NORMAL, mas sim um natural.

Na semana seguinte fomos à um grupo de apoio à grávidas e conhecemos muitas histórias sofridas e muitas de sucesso. Comecei a perceber que quem ditaria meu caminho seria a minha posição interna. Na semana seguinte a Doula, Kalu, foi na minha casa, nos conhecer e nos explicar um pouco mais e me apaixonei. Fomos ao Sofia Feldman, eu já com 38 semanas de gestação e choramos ao sair de lá... Eu nuca havia entrado em um hospital que acolhesse as pessoas com tanta amorosidade. Eu e meu marido não tivemos dúvida.

Não voltei mais na médica. Na semana seguinte Helena e Kalu vieram fazer um chá de benção e na quinta de madrugada entrei em trabalho de parto. Minha bolsa rompeu as 7:30 da manhã de sexta. Liguei pro marido e ele voltou do trabalho.

Helena veio pra minha casa e a Miriam, enfermeira obstétrica também .

6cm, 12:30 e seguimos pro Sofia. As 19:00 na troca de plantão chega a Bia, e diz, vamos lá mamãe, seu bebê já coroou. Eu só queria saber o que eu precisava fazer. Elas me ajudaram a encontrar uma posição e as 19:54 meu menino veio ao mundo. Ajoelhada na cama, abraçada à cabeceira. Meu marido cortou o cordão e ali tudo se transformou.

 

Porque contar do primeiro parto?

Pra dizer que no primeiro eu descobri uma perfeição chamada corpo da mulher e descobri uma força em mim que eu nem sabia que existia.

Também porque tive a certeza de que esse era meu ato de amor pelos meus filhos, respeitando a escolha deles de virem ao mundo no momento em que eles estivessem prontos, e através de seu próprio esforço, em conjunto com o meu.

 

Quando engravidei da segunda vez, acordamos entre nós, eu e marido que teríamos parto domiciliar, após estudarmos e conversarmos muito com a Equipe Bom Parto. Não divulgamos, nem pros familiares, pois queríamos manter a nossa positividade e não nos deixar influenciar pelos medos e crenças alheios.

Quando cheguei na equipe reencontrei a Bia e tive a certeza de que ela faria meu parto novamente. Me encantei com todo amor e acolhimento recebido. Minha gravidez foi tranquila, apesar da placenta prévia.Com 20 semanas já estava tudo bem. Nenhuma outra alteração ao longo do caminho. 

 

Serena fez que ia nascer dia 18 de janeiro. Tive contrações de 3 em 3 minutos, mas não evoluímos. A equipe, Walter e Bia,a minha amiga e Doula, Vanessa e a fotógrafa Daniela passaram a noite comigo. Mas Serena voltou a ficar quietinha. Na segunda, minha acumputurista, Letícia Casali, veio até minha casa, atendendo a mim, meu marido e nutrindo Serena.

Somente na quarta meu tampão saiu, e eu tentei ajudar indo fazer uma caminhadinha a noite, e na quinta de manhã o líquido também começou a vazar...as contrações começaram a se intensificar nesse dia, mas a bolsa só foi romper as 00:26. Durante esses dias a equipe estava atenta o tempo todo, me monitorando, e vieram à minha casa na quarta e na quinta para verem meu estado real. No mesmo momento em que a bolsa rompeu a equipe me liga dizendo que achava melhor passarem à noite comigo. Eu falei podem vir que é Agora! A Dani fotógrafa chegou primeiro e perguntou se eu queria ajuda. Eu entrei pro chuveiro e senti a mão dela como um calmante. Logo em seguida, Vanessa chegou e disse: vamos passar um batom e colocar um brinco. Você vai ter uma filha, Agora! O trabalho de parto foi evoluindo e as dores se intensificando. Todos me apoiando, físico, emocional e psicologicamente falando. Fomos do chuveiro, pra bola, depois pra piscina até que chegarmos no banquinho. Muito óleo essencial, bolsa de água quente, mãos que me massagearam e seguraram...Bia me dá um chamado e diz que era hora. Meu marido e Vanessa me segurando e apoiando e eis que surge minha pequena, com duas circulares de cordão, fraquinha... Bia esfrega ela bem e ela reage! Muita emoção ver minha bebezinha... 5:19 o dia amanhece e com ele chega a Boa Nova.

Eu carreguei ela até que meu marido corta o cordão . Ele a pega e elas a examinam. Enquanto isso também sou examinada e recebo os cuidados pós parto. Vanessa me ajuda no banho enquanto Leandro e Renia cuidam da Serena. Ela agora mais forte, amamenta!

Tomamos um café, eles se vão e eu, Leandro e Serena nos deitamos juntos no quarto em que ela nasceu e dormimos até as 12.

Um novo capítulo da minha vida se inicia, e eu me sinto mais completa e feliz!

 

Ainda pra completar essa linda história, no dia seguinte, Serena apresenta uma febre por uma leve desidratação e a equipe vem até mim, me orienta, damos um pouco de fórmula e logo Serena se recupera. O apoio emocional e a amorosidade da equipe tornou todos os fatos muito mais leves e naturais do que eu podia imaginar. Dois dias depois meu leite desceu e não precisamos mais complementar. 

 

Se você tem vontade de ter um parto natural, se informe, busque apoio. Eu também estou aqui e disponível pra te contar das minhas experiências.

Ser mulher é divino!!! Lembrem-se sempre disso.

Amanda Viana Marques.

Foto Daniela Djean 

Flávia

"Ao descobrir a segunda gestação, Eu estava convicta que a minha próxima experiência com parto seria diferente. Comecei a buscar informações sobre mulheres que haviam tido um parto vaginal após cesárea e me deparei com uma postagem no instagram de um lindo vba2c (parto vaginal após 2 cesáreas) da fotógrafa @valquirianascimentos. Foi a partir deste contato que fui informada sobre a existência da Equipe Bom Parto (anjos em nossas vidas) e o grupo Nascer Sorrindo que era dedicado a troca de informações entre gestantes. A partir deste momento percebi que era possível reescrever a nossa história e conseguir o meu tão sonhado parto natural e humanizado. Conversei muito com Matheus e mostrei para ele que a nossa primeira experiência de parto não era o ideal e que desta vez seria diferente (muitoooo diferente).
Assistimos o filme O Renascimento do Parto e fiz com que Matheus entendesse porque eu procurava por um parto respeitoso e natural. Ele mergulhou nessa ideia e me apoiou em todas as minhas decisões.
Marcamos uma consulta com a Equipe Bom Parto e com o obstetra Guilhermino e naquele momento nos sentimos abraçados, convictos que estávamos no caminho certo.
Em junho participamos de um pré-natal em grupo com a Equipe Bom Parto e Nascer Materna. Foi um momento de muito aprendizado sobre intercorrências no parto e muita conexão com o nosso bebê.
E chegou o momento de irmos para BH aguardar a chegada do nosso príncipe Lucas, com 38 semanas de gestação. Foram duas semanas subindo e descendo escadas, caminhando, fazendo exercícios, comendo tâmaras, para tentar agilizar o processo
E Deus foi preparando os nossos caminhos e colocando anjos para nos acompanhar!!!! Ahhh essa Doula @satsundridoula foi realmente um anjo, nos acolheu com tanto amor e nos proporcionou momentos maravilhosos! Em todos os nossos encontros ela satisfez o meu maior desejo que era ter Luisa juntinho em todos os momentos. Recebi massagem, escalda pés e em nosso último encontro( não sabíamos que seria o último), ela fez uma sessão de hipnose de manhã e à noite entrei em trabalho de parto!!! Somos muito gratos a Lu!!!
Dia 29/08 por volta das 20:00hs comecei a sentir contrações ritmadas com uma duração variável. Comecei a acreditar que o nosso encontro com o Lucas estava se aproximando e era hora de avisar a equipe bom parto, a querida Daniela Djean – Fotografia de Parto e a Doula @satsundridoula para que pudessem se organizar. A @miriamrego65 chegou por volta das 23:00hs e verificou que estava tudo bem comigo e com o bebê. Como o tp já estava evoluindo, ela resolveu ficar por ali mesmo até o momento de ir para a maternidade. A Daniela Djean – Fotografia de Parto também chegou logo depois da Miriam, fez alguns registros e resolveu ficar por ali também. A Lu chegou logo em seguida e começou a fazer massagens e outras técnicas para alívio da dor durante as contrações. Jamais esquecerei da Luísa me acompanhando desde o início do trabalho de parto!!!! Ela com seu jeitinho carinhoso, fazia massagens, carinho, me encorajava com suas doces palavras e ficou deitada ao meu lado enquanto eu fiquei em casa. Como sonhei com ela participando do nascimento do seu irmãozinho Lucas, esse era um dos meus maiores desejos durante a minha gravidez!!!
Por volta das 6:00hs, a Miriam achou que já estávamos na hora de seguir para a maternidade, visto que precisaria administrar o antibiótico profilaticamente antes do Lucas nascer. Entraram em contato com o Dr.Guilhermino @gbdejesus72, ele verificou que a suíte de parto da maternidade Unimed não estava disponível, conseguiu uma vaga na maternidade Santa Fé.
Decidimos deixar a Luísa com a avó Nívia para que ela descansasse um pouco mais e a dilatação também progredisse.
Jamais imaginei o quanto seria difícil entrar no carro em trabalho de parto.
Chegamos na maternidade por volta de 06:50hs e o Dr.Guilhermino já havia providenciado tudo.
Nesse momento a dor na lombar estava incomodando muito e descobri o poder da minha voz. Eu precisava vocalizar e não conseguia fazer muitos exercícios. Entrei na banheira e relaxei um pouco. Nesse intervalo a Luísa chegou, entrou também na banheira e começou a fazer carinho nas minhas costas. Como fui abençoada, eu estava cercada de pessoas que exalavam amor, paz e muito carinho!
A Dani Daniela Djean – Fotografia de Parto com seu jeitinho discreto, registrava todos os momentos e estava sempre à disposição para ajudar no que fosse preciso. Uma menina meigo e sempre com sorriso no rosto, renovava as minhas energias.
A Miriam @miriamrego65 com seu jeitinho tranquilo e experiente, me passava segurança de que tudo transcorria dentro da normalidade. Ahhh e sempre estava pronta para me abanar com o leque durante as ondas de calor .
A Luciana @satsundridoula não tenho palavras para expressar o apoio que recebi durante todo o tp. Esteve do meu lado o tempo todo, fazendo massagens, segurando a minha mão, cantando comigo e me lembrando de conectar com o sentido afirmando SINTO MEU CORPO ENTREGUE E CONFIO PROFUNDAMENTE.
Jamais esquecerei da tranquilidade do Dr.Guilhermino @gbdejesus72 durante o tp, ficou só observando o meu corpo trabalhar e aproximou apenas nos momentos finais.
Matheus esteve comigo e com a nossa filha durante todo o tp, sempre tranquilo e confiante!
Comecei a ficar sem posição dentro da banheira e pedi para sair. Fui direto para a banqueta e lá comecei a sentir os puxos. O Dr. Guilhermino em momento nenhum interviu e ficou apenas observando o meu parto, ele se aproximou no momento que o Lucas estava para nascer. Nesse momento eu estava amparada nos braços de Matheus, ao lado da minha filha Luísa, da doula Luciana e sendo observada pela Miriam.
A Dani com seu jeitinho discreto, estava sempre por perto, registrando todos os momentos e me encorajando com o seu olhar. Falei que estava queimando, ela com sua voz doce dizia que estava indo tudo muito bem e esse era o famoso círculo de fogo.
O Dr.Guilhermino posicionou na minha frente, perguntou a Luísa se ela gostaria de ajudar e deu as luvas para ela calçar e receber o irmãozinho!!! Fiz mais algumas forças e finalmente o Lucas NASCEU, lindo e tranquilo, com um chorinho que nos emocionou muito. YES, I CAN!!!! Com certeza foi um dos momentos mais marcante da minha vida e restaurador!!! Como sonhei com um PARTO NATURAL E RESPEITOSO!!! Luísa participou de todos os momentos de uma forma muito leve e com certeza guarda em seu  lindas lembranças do nascimento do seu irmão!"

Fernanda

"Há um ano atrás eu começava a sentir as primeiras contrações?.Era o início de uma jornada longa e deliciosa que eu jamais imaginaria que pudesse viver! Jamais me esquecerei da primeira contração, as 21:10 da noite, ainda um pouco fraca mas mais forte do que as costumeiras contrações de treinamento. Junto com a primeira contração um sentimento diferente tomou conta de mim! O sentimento de que a hora estava chegando, de que a Laura estava dando os primeiros sinais de que queria vir ao mundo! E meu coração se encheu de alegria e gratidão! Como eu havia me preparado e me fortalecido para viver aquele momento! Passadas duas horas, as 23:00, outra contração, dessa vez mais forte e mais longa, que me fez segurar na beirada da cama e emitir um leve gemido! É!!! A cada minuto eu parecia estar mais perto de conhecer minha pequetita! A grande hora estava se aproximando e eu sabia disso! A madrugada de domingo para segunda (25 para 26 de março) foi de contrações, espaçadas, não muito intensas e totalmente suportáveis. Mas foi o dia amanhecer que elas sumiram! Mandei uma mensagem para a Miriam, meu anjo, enfermeira obstetra que esteve comigo durante a gestação da Laura. O retorno da mensagem da Miriam foi um audio, com aquela voz suave, que dizia na maior calma do mundo: ?Fernanda, que lindooooooo! Parece que a Laura está querendo chegar. Vamos aguardar as contrações pegarem um ritmo, vai monitorando e qualquer coisa me liga. Enquanto isso aproveite para descansar, se alimentar, se hidratar e curtir o dia?. Aquele audio encheu meu coração de alegria e emoção! E assim escutei o conselho da Miriam? passei o dia 26, segunda feira, sem sentir nenhuma contração. Curti o meu dia ao lado da minha primogênita, fiz Yoga, caminhei, assisti filme, comi coisas gostosas e descansei!

Na manhã do dia 27/03, terça feira, acordei sentindo contrações mais fortes que as da noite anterior! Acordei o Felipe porque estava achando as dores mais intensas e talvez fosse melhor chamarmos pela Equipe Bom Parto. Mas eram 3:00, madrugada! Calma! Respira! Vamos monitorar o tempo entre as contrações só a gente mesmo. Fui ao banheiro fazer xixi e percebo uma secreção com consistência de muco com um pouquinho de sangue! Meu coração disparou! Berrei pelo Felipe (o que fez ele voar pro banheiro por achar que a Laura estava nascendo!kkkkkkkk) e falei: ESTOU PERDENDO O TAMPÃAAAO! Era o tampão mucoso começando a sair! Fiquei olhando para o tampão meio sem acreditar que tudo que eu havia lido esses meses todos, todas as fases do trabalho de parto, tudo estava acontecendo comigo ali, naquele momento! A partir desse momento, por volta das 04:00, as contrações começaram a vir mais fortes e a cada 5 minutos regularmente! Pronto! Parecia ser a fase ativa do trabalho de parto começando! Acionamos a equipe e passados trinta minutos Rênia (meu outro anjo!) batia na minha porta! Fala sério gente?! É ou não é um privilégio poder receber em plena madrugada, uma enfermeira amorzinho na sua casa para te avaliar, avaliar seu bebê, te tranquilizar, fazer massagem, te dar banho, cuidar de você em todos os sentidos da palavra?! Rênia chegou e me colocou imediatamente no banho! Que delícia! O dia foi amanhecendo, o sol raiou, o galo cantou e as contrações vocês ja sabem ne?! Sumiram! rsrsrs E a conclusão que eu cheguei foi que eu desejei tanto passar por aquilo, desejei tanto viver aquela experiência, que Deus me deu um trabalho de parto bem devagarzinho para que eu pudesse sentir cada fase! E apesar de parecer loucura (para muitos é loucura), eu estava curtindo e vibrando muito com tudo! É maravilhoso, esplêndido, espetacular sentir seu corpo trabalhando para trazer ao mundo seu bem mais precioso! Passei a terça feira do dia 27/03/2018 tendo várias contrações , porém elas eram bem espaçadas, o que me permitia seguir o dia normalmente, cuidando da Manu, passeando na pracinha (teve uma hora que abracei um poste quando veio uma contração e todo mundo me olhou com cara de pânico!rs), levando a Manu na escola e descansando sempre que possível. A cada ida ao banheiro eu perdia mais um pouquinho do tampão mucoso (que alegria!). Passei o dia tentando não deixar transparecer para as pessoas (principalmente minha mãezinha e minha sogra querida) que eu estava tendo contrações fortes. Foi difícil para elas entender todo o processo, entender que eu estava entregue e curtindo cada segundo de tudo que estava acontecendo comigo.
E veio a madrugada do dia 28, quarta feira! Essa foi intensa, de muitas contrações fortes e ritmadas! Novamente Rênia vem para nossa casa, as 03:00, monitorar o processo e ver se era o momento de irmos para a maternidade (dessa vez todos nós achamos que era!). Passei a madrugada toda tendo contrações a cada 3, 5 minutos. Ligamos para a Lu (mais um anjo da nossa história), minha doula e professora de Yoga, que também me acompanhou durante toda a gestação e estava preparada para vir quando eu chamasse. Decidimos fazer um toque para vermos como estava o processo?3 cm de dilatação. Não, ainda não era a hora! Estávamos em fase latente do trabalho de parto. Mas as contrações continuaram até amanhecer o dia (os hormônios gostam da madrugada!). Lu trouxe óleos essenciais maravilhosos que deixavam a casa perfumada e me relaxavam muito! Trouxe também agulhas para acupuntura, gel para massagem, um potinho cheio de tâmaras, castanhas e damasco! Lu me abraçava, cuidava de mim, me ajudava a respirar e a concentrar! Lu tocava a Kalimba! como aquele som me acalmava! Era mágico! Tudo era mágico! Dani chegou (outro anjo da história!)! Fotógrafa linda, iluminada, escolhida para acompanhar nosso parto! Minha mãe improvisou um almocinho e todos almoçaram na minha casa! Foi uma delicia!
Perto das 22:30 fui ao banheiro e perdi muuuuito tampão! E com ele as contrações vieram mais fortes! Dessa vez meu coração bateu mais forte também! Eu sentia que a grande hora estava se aproximando! Fiquei um pouco apreensiva porque naquela noite Renia estava de plantão no Sofia e não poderia vir nos acompanhar . Como as contrações estavam apertando cada vez mais, Felipe ligou para a Miriam. Miriam estava virada por ter acompanhado outro parto e mesmo assim resolveu passar para nos ver! as 23:00 cheguei na varanda e vi o carro da Miriam estacionando na rua! Foi a vez que meu coração mais acelerou com toda certeza! A Miriam estava chegando para nos ver! Eu havia desejado muito que a Laura nascesse com ela! E quando a vi chegando na nossa casa me emocionei muito! Miriam é luz, Miriam é amor! Ela chegou com aquele sorrisão no rosto (nem parecia estar sem dormir) e ja foi logo auscultar a Laura. Coraçãozinho batendo super bem, contrações deram um tempo e fomos todos saborear um caldinho de frango que minha mãe havia preparado! Ficamos ali na mesa por uns 30 minutos papeando, rindo. Mais contrações chegando, Miriam ausculta novamente a Laura. Tudo ok! Como as contrações estavam espaçadas, falei com a Miriam para ir embora descansar. Caso precisasse eu ligaria para ela voltar. Mas ela não quis ir?resolveu passar a noite com a gente! Ela tomou um banho gostoso, ajeitamos um cantinho para ela dormir e fomos todos deitar, por volta das 01:00 da madrugada! As 02:30 acordei com as contrações vindo muito muito fortes! A partir daí elas não me deixaram mais! Ligamos para a Lu e ela chegou rapidinho! Eu ja estava em outro universo e não conseguia mais conversar! Era sureal o que estava sentindo! Uma mistura louca de sentimentos, um instinto muito louco, uma força inexplicável! Não consigo lembrar de muitos detalhes desse momento, só me lembro da Miriam fazer um toque e dizer: Fernanda, 7, quase 8 cm!!!!!Colo fininho, super apagado! Você está em trabalho de parto! A Laura vai nascer!!!! E aí sim, era a hora de ir para a maternidade!!!
Miriam liga para a Dra. Gisele (outro anjo da nossa história), minha obstetra linda dizendo que estávamos a caminho da maternidade! Lu liga para a Dani! Graças a Deus a Manu não acordou com o tumulto! Minha mãe ficou com ela em casa e lá fomos nós para a maternidade (UNIMED), que fica bem pertinho da nossa casa. Chegamos em 5 minutos! Dani ja me esperava na porta! A Dani é impressionante! Incrível como ela consegue se fazer presente sem ser notada! As fotos dela parecem ter vida, ter som, ter cheiro! Precisei aguardar um tempo na recepção porque havia chegado uma mãe tendo seu bebê na porta da maternidade. Como eu estava em um universo paralelo, só lembro da Miriam dizer felizona: ?olha que lindo Fernanda! Você esta vendo um bebê nascendo (eu? vendo? onde?rsrsrs), daqui a pouco é a Laurinha que estará nascendo também!?. Eu só queria subir para a suíte de parto?pedi por uma maca ou cadeira de rodas e Miriam disse firme, porém calma: não senhora! Você vai andando! E la fui eu, abraçada aos meus anjos, andando até suite de parto! Cheguei na suíte e todos foram encher a banheira. Lu organizou flores, o potinho com as tâmaras e castanhas, água e os óleos essenciais sob uma mesinha no quarto. Dani ficou ali, capturando tudo com um olhar que só ela tem?Eu só pedia por analgesia! Queria relaxar um pouco, poder dormir! Mas mais uma vez as palavras sábias da Miriam me fizeram esperar: Fernanda, tenta segurar mais um pouquinho, você precisa entrar na banheira para experimentar a água quentinha (se eu tomasse a analgesia não poderia entrar na banheira por conta do catéter)! Enquanto esperava a banheira encher entrei embaixo do chuveiro. Não demorou para que a Lu me chamasse dizendo que a banheira estava pronta! Entrei rapidinho e fui me acomodando na água. Meu Deus! Como aquilo era bom! Como aquela água era milagrosa! Olhei para a Miriam e disse: se eu tivesse tomado analgesia te processaria por violência obstétrica!kkkkkkkk É a partolândia fazendo a gente falar qualquer coisa! Todos riram! Eu relaxei. Olhei para a janela e vi o dia nascendo! Felipe lembrou da nossa playlist preparada para esse momento e ligou uma musiquinha bem gostosa! Eu estava totalmente entregue, relaxada, sentia as contrações mas não sentia dor?
?fiquei na banheira por quase duas horas. Dra Gisele chegou e completou o time para receber a Laura! Pronto Laura! Pode chegar!rs Só que em determinado momento tive vontade de sair da banheira para deitar na cama. Eu estava cansada por estar há muitos dias sem dormir direito. Sai da banheira e deitei na cama. Eram umas 07:00. O dia estava lindo la fora! Comecei novamente a sentir as dores fortes e não conseguia dormir. Pedi analgesia. Eu só queria um pouquinho, uma dose fraquinha que fosse suficiente para adormecer. O anestesista veio, conversou comigo e aplicou uma dose baixinha como pedi. Eu queria muito sentir o parto, sentir a Laura chegando! Tinha medo que a anestesia me fizesse parar de sentir as pernas. Graças a Deus o anestesista (que por sinal era uma gracinha também!) me ouviu e respeitou minha vontade. E assim eu apaguei por duas horas! Dormi das 08:00 as 10:00! O sono que me renovou e me deixou pronta para receber minha pequetita! Acordei sentindo novamente as contrações e ouvindo Miriam dizer: ?Fernanda, tente levantar um pouquinho e perceba se não sente vontade de fazer força. Não precisa forçar, é uma vontade natural, espontânea!? Levantei com um sorrisão no rosto! Colocamos uma musica animada (um forrozinho bom!) e começamos a dançar! Dra Gisele e Miriam sempre atentas e monitorando os batimentos cardíacos da Laura. De repente comecei a sentir a tal vontade de fazer força, de empurrar para baixo. Parecia uma dor de barriga daquelas que o intestino fica preso. Eram os puxos! Eu estava entrando no período expulsivo! Miriam logo pegou o banquinho e eu assentei. Toda vez que vinha uma contração eu sentava no banquinho, o Felipe vinha por trás e me abraçava forte. A contração passava e eu levantava, dançava, ria, brincava! Fiquei no senta levanta por 40 minutos! De repente senti uma queimação! Senti uma pressão muito forte la embaixo! Gritei! Não de dor, mas de susto! rs Miriam sugeriu que eu colocasse a mão para sentir a cabecinha da Laura que acabara de coroar! Eu não sei explicar o porque, mas eu não conseguia por a mão (e me arrependo disso). Foram mais três contrações para que a Laura viesse! E as 11:07 do dia 29/03/2018, ao som da musica Anunciação de Alceu Valença, minha pequena nasceu! Minha Laura chegou da maneira mais mágica, natural e linda possível!! Eu não estava acreditando que tinha conseguido! Eu olhava para todos ao meu redor e gritava: eu consegui!!!!! Eu consegui!!!! Eu não sei colocar no papel o que senti naquele momento! Laura foi amparada pela Miriam e veio direto para os meus braços, toda lambuzada de vérnix e ficou me olhando com aqueles olhinhos vivos, brilhando, sem chorar! Não é atoa que chamam esse momento de hora de ouro (acho que poderia ser hora de diamante!)!
Ficamos nós três ali, eu, Felipe e Laura, embriagados de amor e de cheiro de vérnix! A placenta saiu logo em seguida e eu precisei parar de namorar a Laura por um instante para namorar a placenta! Como uma boa professora de embriologia, sou alucinada com a placenta! Acho incrível o poder que ela tem! Agradeci pelos meses que ela nutriu minha filha e por estar ali conectada a ela pelo cordão umbilical! A Lu pegou a Laura no colo, eu levantei e fui me deitar na cama. A Laura veio para o meu peito e assim, por puro instinto ja abocanhou minha aréola e começou a sugar! A pediatra da maternidade entrou no quarto, ficou admirando a cena e eu perguntei: você quer ela para fazer as medidas? E ela disse: de jeito nenhum! Ela vai ficar ai o tempo que precisar! Não temos pressa! Depois a gente faz o que tiver que fazer! E Laura mamou por duas horas?Chegaram padrinho Thiti, dindinha Julia (xuxuzinha), minha mãe e meu pai para conhecer a pequena! E ficamos todos ali, anestesiados, embriagados de amor! Hoje posso dizer que há um ano eu passei pela melhor experiência da minha vida! Há um ano eu conheci a minha maior força (obrigada por me mostrar isso filhinha!). Há um ano eu renasci, como mãe, como mulher, como esposa e como filha! Há um ano eu renasci como pessoa! Me sinto uma mulher infinitamente melhor e mais forte, capaz de enfrentar qualquer desafio que a vida me apresentar! E hoje eu só agradeço a Deus, ao universo e a todos os anjos mencionados nesse relato! Todos os dias eu agradeço por tanta gente ter cruzado meu caminho e ter sido fundamental para que eu conseguisse ter o meu VBAC! Obrigada meu amor, Felipe, parceiro de vida! Obrigada por estar comigo nessa aventura deliciosa! Manuela e Laura, vocês são meus tesouros, minha vida! Obrigada por me tornarem uma pessoa melhor a cada dia que amanhece! E que esse relato possa chegar a muitas mulheres que um dia pretendem viver essa experiência! Se permitam passar por isso! Deem esse presente as suas vidas!"
Fotos: Daniela Djean

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